Por Dentro da Lei

Por Dentro da Lei

21 de agosto de 2010

Manifesto em apoio ao Prof. Márcio Pugliesi

Prezada Senhora Denise Bottmann

Sem dúvida, é de relevante serviço público a existência de um blog nos moldes do seu, em que casos de plágio venham à tona, para a produção de efeitos corretivos e conscientização sobre a seriedade do trabalho de tradutor. Todavia, gostaria de ponderar que, na presente indicação de suposto plágio, a forma adotada pela senhora indica ao leitor que o autor do plágio seria o Prof. Márcio Pugliesi e não a respectiva editora da obra. Veja que a situação é grave, pois, como a senhora bem sabe o chamado plágio pode constituir infração penal capitulada no artigo 184 do Código Penal Brasileiro. A editora, como pessoa jurídica que é, pelo nosso sistema, não responderia a processo crime desta natureza, sendo apenas responsável pela eventual violação de direitos no âmbito civil. Contudo, se a indicação é dirigida contra uma pessoa física, no caso o Prof. Márcio Pugliesi, ele já poderia sofrer tal acusação. A pergunta que se faz é: seria ela procedente? Mesmo tendo a senhora a cautela de ler e comparar os trabalhos que apontam características de plágio, não seria melhor antes de indicar um possível autor, verificar se o eventual acusado tinha ciência do uso de seu nome? Não seria melhor verificar se houve possibilidade por parte do suspeito de plágio ter tomado providências contra quem eventualmente teria usado seu nome indevidamente? Sabemos que algumas editoras "criam" nomes para relançar traduções consagradas, mas neste caso, o nome do tradutor indicado é alguém de bastante respeito, reconhecido como teórico e professor, além de autor de livros e de outras traduções, usadas por estudiosos sérios e admitidas como bem elaboradas. Além disto, o Prof. Márcio é sim Livre-Docente em Direito e Doutor em Direito e em Filosofia, fazendo parte do quadro docente do programa de pós-graduação da PUC-SP. Seria muito difícil acreditar que alguém que tivesse tal posição e possuísse tão boa titulação pretendesse correr o risco de cometer um gesto de eventuais incidências criminosas, além de absolutamente contrário a um quadro moral ao qual sabidamente estão integrados os ditames éticos do Prof. Pugliesi. A situação ainda é grave, pois configura da mesma forma eventual postura criminosa, prevista no artigo 339 do mesmo Código Penal, a conduta daquele que imputa a existência de possível ilícito penal a quem não o praticou. Sendo assim, talvez neste caso a inclinação mais prudente fosse examinar alguns trabalhos do Prof. Márcio Pugliesi, como, por exemplo, seu último livro sobre Teoria do Direito (de sua autoria) ou algumas traduções também de sua lavra - e sobre as quais jamais incidiram qualquer suspeita nem dúvida, por mínima que fosse - como, por exemplo, a tradução de Bobbio, "O positivismo jurídico" (em coautoria), publicada pela Ìcone ou mesmo a de Nietzsche, "Além do bem e do mal", publicada pela Hemus, ou qualquer outra obra das muitas que ele escreveu ou traduziu, para verificar se nestas haveria sinal sequer de qualquer tipo de cópia. Se não houvesse, o que certamente uma análise acurada há de demonstrar, apontar o Prof. Márcio Pugliesi como possível autor de plágio, num blog, o qual é reconhecido por sua seriedade e pelo número de leitores que possui, configuraria, para dizer o mínimo, uma expressão da mais alta leviandade e talvez, complementando a indicação da senhora para simplesmente ele tomar providências contra a editora - como se isso diminuísse a força negativa que certamente tal acusação tem - outras providências legais e legítimas, aí já contra o próprio blog, poderiam eventualmente ser adotadas por ele, vítima que é de todas tais circunstâncias.

Postado como comunicado no blog não gosto de plágio em 21.8.10

3 comentários:

Thiago Abeche disse...

Olá, encontrei seu blog ao digitar o termo "Márcio Pugliesi" na busca do google.

Eu havia escrito um comentário que acabei perdendo ao tentar publicá-lo. Vou direto ao ponto dessa vez.

Pela sua defesa do Prof. Márcio creio que deves conhecê-lo. Minha dúvida é a seguinte: acabo de adquirir um exemplar do livro "Curso completo de Eletronica" da US Navy publicado pela editora Hemus. Nessa edição o prof. Márcio consta como tradutor. Ao pesquisar suas qualificações fiquei com dúvidas se um professor tão qualificado em filosofia e direito teria interesse em traduzir um livro de eletrônica (ainda mais um livro de quase 700 páginas). Como a tradução desse livro não consta no lattes do prof., gostaria de saber se você sabe de algum interesse do prof. Márcio por eletrônica, pois temos que seu nome possa estar sendo usado indevidamente.

Grato pelo espaço. Um abraço.
Thiago Abeche

João Ibaixe Jr disse...

Prezado Senhor Thiago Abeche

Conheço sim o Prof. Márcio Pugliesi.

O Prof. Márcio é qualificado em filosofia e direito mas estudou e tem formação em ciências exatas também, não me recordo ao certo qual curso, mas seus estudos relacionam eletrônica, mecânica e lógica computacional.

Sei que ele escreveu um "manual do automóvel", quando se dedicava a estudos de mecânica, cuja referência o senhor pode verificar no site da Livraria Cultura.

Aliás, ele leciona na PUC-SP, na pós-graduação em Direito e é o único professor da casa que faz um trabalho de integração entre a lógica algébrica (ou computacional) e a teoria da decisão, com a qual alguns colegas do Direito trabalham apenas no campo da teoria da argumentação.

Não conheço o livro referido, mas possivelmente ele pode tê-lo traduzido.

Hoje, o prof. Márcio dedica-se somente aos estudos de Filosofia, Direito e Pedagogia do ensino jurídico, numa tentativa de organizar uma metodologia interdisciplinar entre estes ramos, mas mantendo como linha de fundo os estudos lógicos, os quais ele acredita embasarem o pensamento humano em qualquer área.

Creio que talvez seja interessante uma consulta à editora a qual poderá certamente prestar melhores esclarecimentos.

Atenciosamente

João Ibaixe Jr

Su Parente Souza disse...

Fui aluna do Professor Márcio Pugliesi no Curso de Química da Faculdade Oswaldo Cruz na matéria de História do Desenvolvimento do Pensamento Cientifico. Em todos estes meus anos de estudante e professora do Ensino Médio das Matérias de Química e Física são raros os nomes de mestres que tanto me serviram como inspiração, já que guardo somente os melhores. E seja qual for o assunto, o professor em questão é extremamente inteligente, criativo que até tem esse poder de ir caminhar pelas várias estradas da filosofia e suas ramificações.
Atenciosamente,