Sequenciamento genético é efetuado por grupos coordenados por mulheres cientistas
Detalhe do trabalho do LNCC (Foto: divulgação) |
Grupos de cientistas brasileiros, atuando em conjunto e coordenado em sua maioria por mulheres, fez o sequenciamento genético do novo coronavírus que circula pelo Brasil, o que permite abrir um banco com informações sobre a identidade que o microrganismo está ganhando desde que desembarcou por aqui.
Segundo os pesquisadores, o vírus já está em mutação, ganhando características próprias enquanto se espalha pela região.
O resultado do trabalho indica também que o vírus chegou ao Brasil vindo, principalmente, da Europa --poucos casos chegaram importados da Ásia. “O estudo confirma que a transmissão comunitária é real ao identificar agrupamentos de vírus muito parecidos entre si”, diz Ana Tereza Vasconcelos, coordenadora do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Grupo do LNCC, com a coordenadora Ana Tereza Vasconcelos ao centro (Foto: divulgação) |
Conhecer as características genéticas do vírus é essencial para a elaboração de novos testes de diagnóstico e também para a produção da vacina contra a Covid-19.
Os pesquisadores destacam que o estudo não indica que o vírus esteja ficando mais letal ou agressivo. A ideia dos cientistas agora é contar com mais grupos de pesquisa pelo país que vão formar uma rede para rastrear os passos do coronavírus e seguir catalogando as mutações.
“É importante ter vários grupos de diferentes regiões trabalhando nisso para entender como é a distribuição do vírus pelo país. A tendência é que esse tipo de tecnologia [para sequenciar o genoma] fique para quando outros vírus aparecerem”, afirma Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP.
Jaqueline Goes de Jesus e Ester Cerdeira Sabino, da USP (Foto: Rahel Patrasso/Reuters) |
No futuro, o banco de dados que está sendo construído pode ajudar a identificar os motivos de uma região ser mais afetada do que outra. Estudos com o genoma do vírus também podem ser feitos com pacientes que tiveram a forma mais grave da doença para investigar se o vírus que os infectou tem alguma característica que o torna mais agressivo.
Fonte: Folha de São Paulo
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